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O uso e a aplicabilidade dos blocos cerâmicos de vedação nas construções de pequeno e médio porte no Brasil, na prática

  • Foto do escritor: Engenheiro Allembert Santos
    Engenheiro Allembert Santos
  • 28 de nov. de 2024
  • 3 min de leitura

Atualizado: 26 de mar.



Como abordado em posts anteriores, na prática, o sistema estrutural mais utilizado para construções de pequeno e médio porte no Brasil, é o de alvenaria amarrada. Embora ao fazermos esta afirmação se encontre resistência, inclusive, dos profissionais da engenharia por motivos da ausência de uma NBR que trate do assunto ou por não ter conhecimento de causa daquilo o que é praticado no dia a dia das obras de pequeno/médio porte ou ainda por algo que de um neologismo pessoal eu classifico como: "Síndrome do Saber", que é quando o indivíduo acredita que apenas ele estuda e que portanto, somente ele sabe das coisas. Isto posto, é sabido por quem gerencia este tipo de obra que visando economia de materiais e redução do tempo de execução, diversas violações da NBR6118 ocorrem, desde tempo de escoramento até à cronologia de execução das etapas. Destacando ainda que os projetos de estruturas destas obras quando existentes, são feitos para concreto armado, porém, são executados como alvenaria amarrada executando as alvenarias primeiro e as utilizando como fôrmas para a concretagem de vigas e pilares da construção. Vale lembrar, que não é possível transmudar uma estrutura durante à execução para se comportar de maneira diversa daquela para que foi projetada, sem que se modifique o projeto.



Recomendo a leitura de posts anteriores sobre o tema para compreensão das patologias que ocorrem ao se projetar concreto armado e executar alvenaria amarrada, isto porquê, brevemente explanando, utilizando as alvenarias como fôrma estas irão receber cargas da estrutura, portanto, passarão a ser parte da estrutura e isto resulta em entregar coisa diversa do acordado e há uma cultura de normalização de fissuras neste tipo de obra. O sistema real praticado de alvenaria amarrada não viola as normas brasileiras, mas é preciso tomar notas de que ele existe e é executado diariamente, a NBR15575-2 no seu item 7.2.2.1 deixa claro que: "para casas térreas e sobrados, cuja altura não ultrapasse 6,0m é permitido desconsiderar as dimensões mínimas dos componentes estruturais", sendo assim, isto resulta na mudança do sistema estrutural. O trecho ainda cita que: "na inexistência de Norma Brasileira de projeto estrutural específica para o tipo de estrutura analisado, pode ser aceito o atendimento aos respectivos Eurocódigos". Durante a gradução, fiz o trabalho de conclusão de curso sobre a conformidade de blocos cerâmicos de vedação, estudo que pode ser acessado em : https://www.passeidireto.com/arquivo/103893592/analise-tecnica-de-blocos-ceramicos-de-vedacao-na-cidade-do-recife

Os resultados dos blocos quanto a resistência à compressão foram muito abaixo do mínimo estabelecido pela NBR15270, que é de 1,5Mpa, além da não conformidade de diversos outros itens como as análises de espessura dos septos e dimensões das peças. Estas análises foram feitas nos materiais dos três mais populares fabricantes e distribuidores da região do Recife-PE, ocorre que a maioria das olarias brasileiras não são certificadas em programas de qualidade e que embora existam alguns incentivos de adesão ao programa, estas olarias majoritariamente possuem processos de fabricação artesanal e rudimentar, o que resulta em grande índice de não conformidade do material com a NBR15270. Deste modo, percebe-se os riscos envolvidos ao se projetar concreto armado e executar alvenaria amarrada com blocos que não atendem aos critérios normativos e que funcionarão como elemento estrutural, para além das patologias resultantes de execução divergente do projeto, há aquelas que podem ocorrer como consequência da aplicação de blocos inaptos para receberem cargas estruturais. O Eurocódigo 6 que trata de projeto de estruturas de alvenaria no seu item 1.1.1, cita que ele se aplica aos modelos de construções e obras de engenharia civil, ou partes de obras de engenharia civil, não reforçadas, reforçadas, protendidas e alvenaria amarrada. Cita ainda em seu item 1.1.2(2) que para obras de estruturas não completamente cobertas por esta norma, ou para novas estruturas utilizando os materiais existentes ou ainda onde as ações e influências estão fora do normal para serem resistidas, ainda assim os princípios desta norma se aplicam.



Por isso, recomenda-se um príncipio básico da teoria das estruturas, que as estruturas sejam executadas de acordo com aquilo para que foram projetadas. Bibliografias abordando o tema estão começando a surgir no Brasil e vale sempre lembrar que não é apenas bloco estrutural que pode ser aplicado para resistir cargas e que não há nenhuma restrição normativa quanto a isso, desde que se garanta a resitência do material empregado para as cargas a que foi projetado para resistir. Mesmo porquê, não faria nenhum sentido lógico uma parede de alvenaria de blocos cerâmicos de 9cm de espessura e que é capaz de resistir cerca de 13,5tf/m, não resistir a uma carga de 6tf/m, 9x100x15=13500, mesmo que se aplique um coeficiente de minoração em função da não conformidade dos blocos e de ações combinatórias estruturais, ainda assim, resistirá a uma carga considerável.



Eng. Civil Allembert Santos

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